O que aconteceu com a ASUS? O Adeus do Zenfone?!
A história da linha Zenfone é marcada por momentos de brilho que conquistaram fãs no mundo todo. Desde 2016-2017, a ASUS vinha crescendo no mercado mobile com propostas ousadas e aparelhos que entregavam ótimo custo-benefício. O sucesso do Zenfone 5, lançado em 2018, foi um divisor de águas: chegou ao Brasil com preço agressivo, bom desempenho e um visual que surpreendia. Na época, a ASUS competia diretamente com gigantes como Samsung e até superava marcas como Motorola (até com certa facilidade) em criatividade e valor entregue.
Mas essa fase parece ter ficado para trás. De uma marca que já liderou a inovação no Android, a ASUS passou a viver de relançamentos reciclados — especialmente da linha gamer ROG — e viu suas concorrentes dispararem.
E essa queda não se limita aos smartphones. A Asus como um todo, apesar de ainda ser relevante em notebooks e placas-mãe, também enfrenta desafios em outros segmentos. A empresa que já foi sinônimo de ousadia hoje parece presa a uma estratégia conservadora, refletindo um declínio que vai além do Zenfone. Então vamos tentar entender como isso aconteceu.
O Declínio Silencioso
Em agosto de 2023, surgiram rumores de que a Asus iria encerrar a linha Zenfone de celulares para focar na linha ROG. A empresa desmentiu, afirmando que manteria as duas linhas principais de produtos. Apesar do discurso oficial, a realidade do mercado conta uma história diferente: a ASUS tem perdido participação de mercado de forma consistente, especialmente no setor de smartphones.
O foco da empresa se concentra cada vez mais na linha ROG Phone — originalmente voltada para gamers — que acabou se tornando sua principal aposta no segmento móvel. Enquanto isso, a linha Zenfone tem sido gradualmente descontinuada em vários países.
E o reflexo disso está em todo lugar: hoje em dia é até difícil encontrar reviews de Zenfones em grandes canais de mídia ou no YouTube. Além disso, é raro ver alguém na rua utilizando um smartphone da ASUS. A marca, que antes despertava curiosidade e desejo, agora parece ter sido esquecida pelo público geral e até por influenciadores de tecnologia.
A Asus além dos Smartphones!
Vale lembrar que a Asus é uma fabricante de hardware com sede em Taiwan, fundada em 1989. O nome Asus deriva de “Pegasus”, o cavalo alado da mitologia grega, simbolizando criatividade e força.
Além de smartphones, a empresa também atua fortemente em outros segmentos:
PCs e Notebooks
- A Asus é reconhecida mundialmente por suas placas-mãe, placas de vídeo e laptops gamer da linha ROG.
- Em 2022, a empresa previu uma queda de 10% nas vendas de PCs e notebooks no segundo trimestre.
- De fato, 2022 registrou a maior queda da história nas vendas de PCs e desktops, segundo a consultoria IDC.
- No Brasil, os notebooks ASUS são fabricados em Jundiaí (SP), em parceria com a Foxconn.

De Criatividade à Estagnação: A Trajetória do Zenfone
Zenfone 6 Flip (2019): O Último Grande Marco
Em 2019, a Asus impressionou o mercado com o Zenfone 6, um dos smartphones mais ousados daquele ano. Seu maior diferencial era a câmera flip motorizada, que girava da traseira para a frente, eliminando o notch e entregando a mesma qualidade para selfies e fotos tradicionais.
Destaques técnicos:
- Tela IPS LCD de 6,4″ Full HD+ sem notch
- Snapdragon 855
- Bateria de 5.000 mAh
- Câmera principal dupla: 48 MP + 13 MP (ultrawide)
- Câmera flip motorizada (funcionava como frontal e traseira)
Na época, a Asus entregava inovação real, superando a Motorola e incomodando até a Xiaomi.
Zenfone 7 e 8: A Transição para o Convencional
Enquanto o Zenfone 7 manteve a câmera flip, o Zenfone 8 mudou radicalmente, tornando-se um dos poucos smartphones compactos com hardware topo de linha. Apesar da boa execução, o modelo passou despercebido por falta de marketing e distribuição eficiente.
Zenfone 9 e 10: A Estagnação Definitiva
O Zenfone 10 tentou manter viva a proposta de flagship compacto, mas com design quase idêntico ao Zenfone 9 e poucas melhorias reais, ficou claro que a Asus estava repetindo fórmulas sem inovar.
Principais especificações:
- Tela AMOLED de 5,9″ Full HD+, 144Hz em jogos
- Snapdragon 8 Gen 2
- Até 16 GB de RAM
- Bateria de 4.300 mAh com carregamento de 30W
- Câmeras: 50 MP (com gimbal), frontal de 32 MP (sem 4K)
- Apenas 2 atualizações Android
Resultado: Um bom aparelho, mas sem evolução substancial. Enquanto Samsung e Xiaomi ofereciam mais por menos, a Asus cobrava um preço elevado por um pacote limitado.
Zenfone 11 Ultra (2024): Quando o Zenfone Virou um ROG Phone Disfarçado
O “Ultra” no nome prometia um salto, mas o que chegou foi essencialmente um ROG Phone 8 com visual mais sóbrio. Mesmo processador, mesma tela, mesma bateria — e os mesmos problemas.
Principais especificações:
- Tela AMOLED LTPO de 6,78″ Full HD+, 120Hz adaptativo
- Snapdragon 8 Gen 3
- Até 16 GB de RAM
- Bateria de 5.500 mAh com carregamento de 65W
- Câmeras: principal 50 MP (IMX890), ultrawide 13 MP, telefoto 32 MP (só grava em Full HD)
- Android 14 com apenas 2 atualizações
Resultado: Potência sem identidade. Enquanto concorrentes ofereciam 4 a 7 anos de suporte, a Asus continuava no mínimo aceitável.
Zenfone 12 Ultra (2025): Mais do Mesmo
Seguindo a mesma receita, o Zenfone 12 Ultra mostra pouca evolução em relação ao antecessor. Novamente, a Asus opta por um ROG Phone “de terno”, perdendo qualquer resquício do DNA original.
Principais especificações:
- Tela AMOLED LTPO de 6,78″ Full HD+, 144Hz, 2.500 nits
- Snapdragon 8 Gen 3
- Até 16 GB de RAM
- Bateria de 5.500 mAh com carregamento de 65W e sem fio de 15W
- Câmeras idênticas ao 11 Ultra
- Android 15, com apenas 2 grandes atualizações
Com preço entre R$ 9.000 e R$ 10.000, o Zenfone 12 Ultra compete com Galaxy S25+, iPhone 15 Pro e Xiaomi 14 Pro — todos com mais inovação e suporte superior.

O que realmente matou a Criatividade da Asus?
- Abandono de diferenciais: A Asus desistiu de ideias originais como a câmera flip, e hoje entrega apenas variações discretas do ROG Phone.
- Perda de visão estratégica: Marcel Campos, ex-responsável pelo marketing global da Asus e um dos principais nomes por trás do sucesso do Zenfone 6 no Brasil, deixou a empresa em 2022 após discordar da mudança de rumo — como o abandono de modelos intermediários e a insistência em produtos premium sem apelo massivo. Sua saída não só enfraqueceu a conexão da Asus com o público que o acompanhava, mas também simbolizou o distanciamento da marca de mercados importantes como o Brasil, onde antes era forte.
- Suporte de software limitado: Em um cenário onde Samsung e Google oferecem até 7 anos de atualizações, a Asus ainda promete apenas 2 anos de suporte.
- Concorrência evoluiu rapidamente: A Xiaomi revolucionou com as linhas 13 e 14, a Motorola melhorou significativamente seu design e câmeras, e a Apple continua sendo referência em experiência de uso consistente. A Asus, infelizmente, parece ter ficado parada no tempo.
- Preços que não se justificam: Cobrar valores premium sem entregar o mesmo nível de experiência é uma estratégia extremamente perigosa — e claramente pouco sustentável no longo prazo.
Um Gigante fora da realidade
Curiosamente, a Asus continua cobrando preços premium por sua linha Zenfone, mesmo quando estes dispositivos estão muito aquém dos concorrentes em termos de recursos, desempenho e inovação. Faz sentido somente se pensarmos que um segmento de uma marca não pode abaixar seu preço, se não deixaria de ser premium, mudando assim seu status perante o mercado. Porém, a Asus deveria repensar se essa estratégia ainda faz sentido.
É como quando conhecemos uma pessoa que teve prestígio, dinheiro e poder no passado, mas que hoje não tem mais essa relevância e ainda assim não desceu do pedestal. Todos nós já conhecemos alguém assim, e a Asus parece seguir esse mesmo padrão no mercado de smartphones.
Os preços praticados pela empresa simplesmente não refletem a realidade atual de seus produtos ou sua posição no mercado. Enquanto gigantes como Samsung, Apple, Xiaomi e até mesmo marcas emergentes como Nothing e OnePlus inovam constantemente, a Asus parece presa a uma glória do passado que não mais existe.
Um exemplo claro disto, é o Zenfone 10, que já é bem ultrapassado, mas pode ser encontrado sendo comercializado a preços altos como visto AQUI! Claro que, depende muito de vendedores externos aplicarem seus valores acima, porém o ponto é que realmente não vale a pena.
Ainda vale a pena apostar na linha Zenfone?
A resposta depende do que você procura. Mas nós do FarolTech, achamos que não! A não ser que aconteça uma total reviravolta em vários aspectos, e se você quer um smartphone potente e diferente dos tradicionais, talvez a linha ROG Phone seja mais interessante.
Agora, se você busca um celular com identidade própria, design marcante e uma proposta diferenciada, o Zenfone já não é mais aquele de antes. Na verdade, até se você procura algo mais para o dia a dia com alguma potência extra, existem opções bem melhores.
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Conclusão
O Zenfone não é ruim — longe disso. Mas ele deixou de ser especial, e se tornou bem qualquer coisa se comparado ao mercado e o que entrega. E em um mercado tão competitivo, onde lançam aparelhos “capados”, é difícil de se encontrar, com suporte limitado e o mínimo de atualização, é complicado indicar.
Se a Asus quiser reconquistar o espaço que perdeu, precisará mais do que fichas técnicas parrudas: será necessário recuperar a alma da marca, sua originalidade e, principalmente, entender o que os seus fãs realmente querem. Caso contrário, o Zenfone 13 Ultra será apenas mais um nome bonito em um aparelho esquecível.
Em outras palavras: a própria empresa parece ter abandonado a marca, mesmo que de forma velada, então fica difícil defender.
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